Administrador de Empresas, com ênfase em Gereciamento Mercadista. Com forte experiência no Varejo.

15 de fevereiro de 2014

O lápis toco

Lá, num fundo de gaveta, dois lápis estavam juntos.
Um era novo, bonito, com ponta muito bem feita. 
Mas o outro – coitadinho! – era triste de se ver. 
Sua ponta era rombuda, dele só restava um toco, de tanto ser apontado.

O grandão, novinho em folha, olhou para a triste figura do companheiro e chamou:
– Ô, baixinho! Você, aí embaixo! Está me ouvindo?
– Não precisa gritar – respondeu o toco de lápis. 
– Eu não sou surdo!
– Não é surdo? Ah, ah, ah! 
Pensei que alguém já tivesse até cortado as suas orelhas, de tanto apontar sua cabeça!

O toquinho de lápis suspirou:
– É mesmo... Até já perdi a conta de quantas vezes eu tive de enfrentar o apontador...

O lápis novo continuou com a gozação:
– Como você está feio e acabado! Deve estar morrendo de inveja de ficar ao meu lado. 
Veja como eu sou lindo, novinho em folha!
– Estou vendo, estou vendo... Mas, me diga uma coisa: Você sabe o que é uma poesia?
– Poesia? Que negócio é esse?
– Sabe o que é uma carta de amor?
– Amor? Carta? Você ficou louco, toquinho de lápis?
– Fiquei tudo! Louco, alegre, triste, apaixonado! Velho e gasto também. 
Se assim fiquei, foi porque muito vivi. 
Fiquei tudo aquilo que aprendi de tanto escrever durante toda a vida. 
Romance, conto, poesia, narrativa, descrição, composição, teatro, crônica, aventura, tudo! 
Ah, valeu a pena ter vivido tanto, ter escrito tanta coisa, mesmo tendo de acabar assim, apenas um toco de lápis. 
E você, lápis novinho em folha: o que é que você aprendeu?

O grandão, que era um lindo lápis preto, ficou vermelho de vergonha...

Por Pedro Bandeira.

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