Certo dia, um príncipe indiano mandou chamar um grupo de cegos de
nascença e os reuniu no pátio do palácio.
Ao mesmo tempo, mandou trazer um elefante e o colocou diante do
grupo.
Em seguida, conduzindo-os pela mão, foi levando os cegos até o
elefante para que o apalpassem.
Um apalpava a barriga, outro a cauda, outro a orelha, outro a
tromba, outro uma das pernas. Quando todos os cegos tinham apalpado o
paquiderme , o príncipe ordenou que cada um explicasse aos outros como era o
elefante, então, o que tinha apalpado a barriga, disse que o elefante era como
uma enorme panela.
O que tinha apalpado a cauda até os pelos da extremidade discordou
e disse que o elefante se parecia mais com uma vassoura. "Nada disso
", interrompeu o que tinha apalpado a orelha. "Se alguma coisa se
parece é com um grande leque aberto".
O que apalpara a tromba deu uma risada e interferiu: "Vocês
estão por fora. O elefante tem a forma, as ondulações e a flexibilidade de uma
mangueira de água...". "Essa não", replicou o que apalpara a
perna, "ele é redondo como uma grande mangueira, mas não tem nada de
ondulações nem de flexibilidade, é rígido como um poste...". Os cegos se
envolveram numa discussão sem fim, cada um querendo provar que os outros estavam
errados, e que o certo era o que ele dizia.
Evidentemente cada um se apoiava na sua própria experiência e não
conseguia entender como os demais podiam afirmar o que afirmavam.
O príncipe deixou-os falar
para ver se chegavam a um acordo, mas quando percebeu que eram incapazes de
aceitar que os outros podiam ter tido outras experiências, ordenou que se
calassem. "O elefante é tudo isso que vocês falaram.", explicou.
"Tudo isso que cada um de vocês percebeu é só uma parte do elefante.
Não devem negar o que os outros perceberam. Deveriam juntar as
experiência de todos e tentar imaginar como a parte que cada um apalpou se une
com as outras para formar esse todo que é o elefante."
Algumas conclusões sobre essa história...
A experiência das coisas que cada homem pode ter é sempre
limitada.
Por isso, a sensatez obriga
a levar em conta também as experiências dos outros para se chegar a uma
síntese. A pessoa, o ser humano, apresenta muitas facetas.
Existe o risco de polarizar
a atenção em algumas delas, ignorando o resto.
Fazendo isso, estaríamos repetindo os cegos da parábola.
Cada um ficaria com uma visão unilateral e parcial.
Para obtermos uma visão o mais integral possível do que é uma
pessoa, devemos reunir, numa unidade, os numerosos aspectos que podem ser
observados no ser humano.
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