Se, no amor, dizem que os opostos se atraem, no trabalho é melhor pensar que eles se complementam. Assim, a interação de funcionários com diferentes perfis é estratégica para o bom desempenho de uma equipe.
De acordo com a teoria chinesa do yin e do yang, o mundo como um todo é resultado da unicidade contraditória desses dois tipos de energia.
“Yang é dia, luz, expansão, atividade, dinamismo, sol, a energia masculina”, ensina Bruno de Mello Quinsani, educador físico especializado em quiropraxia oriental e ocidental. Materializada na figura do tigre branco, essa energia é predominante nas pessoas mais dinâmicas, que gostam de se comunicar e estão propensas a desafios e novas situações no trabalho.
“Yin, por sua vez, representa a noite, escuridão, descanso, inércia, lua, a energia feminina”, diz Quinsani. Ela é retratada pelo dragão e caracteriza pessoas mais tranquilas e emotivas, que costumam ser conservadoras e evitar grandes riscos.
O educador reforça que, nas empresas, é primordial ter o equilíbrio entre essas duas energias, com os homens potencializando a questão da razão, e as mulheres, o caráter emotivo e intuitivo.
Profissionais com o perfil tigre costumam desempenhar bem atividades que requerem mais extroversão e iniciativa, como operador de telemarketing, professor de ginástica e vendedor. Os que são dragão têm mais facilidade em exercer funções que demandam paciência e jogo de cintura nos relacionamentos – são exemplos o psicólogo, o profissional de RH e a secretária, menciona.
Escolha
A opção por uma carreira em geral já deve obedecer à análise desses potenciais, destaca Elaine Saad, vice-presidente da ABRH – Nacional (Associação Brasileira de Recursos Humanos).
“Quem procura a área de vendas geralmente é uma pessoa mais extrovertida, que tem facilidade de interagir com o outro”, avalia. “Quem busca a área financeira gosta mais de análise, de reflexão, de se debruçar sobre dados.”
Saad ressalva que esse raciocínio de escolha não deve ser simplista, uma vez que mesmo uma área de vendas pode ter lugar para um profissional mais introspectivo, como “aquele que é persuasivo ao apresentar seus conhecimentos técnicos sobre determinado produto”.
Já uma área de TI, que predominantemente acolhe os mais tímidos, também requer profissionais mais de frente, os que vão dar suporte aos usuários da rede e terão de estar em contato frequente com outras pessoas.
Equilíbrio
O tigre e o dragão, porém, não são excludentes em cada indivíduo. Se um se manifesta mais, o outro certamente também está lá, adormecido – e precisa ser despertado de vez em quando para agregar competências ao perfil profissional.
Afinal, existem qualidades importantes que são naturalmente mais desenvolvidas no yin ou no yang – mas cuja lacuna pode comprometer o desempenho em qualquer função.
O receio da mudança – uma tendência na personalidade do tigre – pode ser um bloqueio negativo, pois priva as pessoas de apostarem no movimento, obstruindo sua criatividade, iniciativa e inteligência, exemplifica o consultor organizacional Minoru Ueda em seu livro “Competência Emocional – Quanto Antes, Melhor!” (Qualitymark Editora, 2011).
Para exercitar os pontos positivos do perfil complementar, Quinsani sugere a realização de atividades como o Yin Yang cooperativo. Trata-se de um tipo de dinâmica em que os funcionários mais introvertidos – yin – têm de contar e representar histórias para o grupo, como em um mini teatro, ao passo que os mais extrovertidos – yang – farão o mesmo, mas sem utilizar a comunicação verbal, apenas a gestual, e de uma forma tranquila, sem pressa.
“Todos vão ter uma vivência diferente da do cotidiano, objetivando um equilíbrio no aspecto energético funcional de cada um”, explica o especialista.